Resumo:
As árvores absorvem água e sais minerais do solo que, circulando pelos vasos, deslocam-se até as folhas, constituindo a seiva bruta. Das folhas em direção às raízes circula a seiva elaborada, constituída de água e produtos elaborados na fotossíntese. Em conseqüência, a madeira das árvores vivas ou recentemente derrubadas apresenta alto teor de umidade. Nessas condições, os vasos e os canais da madeira, assim como o lúmen das suas células, apresentam-se saturados de água. Da mesma forma, os espaços vazios, localizados no interior das paredes celulares, também podem encontrar-se saturados. Quando a madeira de uma árvore recém-abatida é exposta ao meio ambiente, inicialmente evapora-se a água localizada nos vasos, nos canais e no lúmen das células, que é denominada água de capilaridade ou água livre. Permanece na madeira. toda a água localizada no interior das paredes celulares que é chamada de água de adesão ou higroscópica, e a tinildade correspondente a este estado é denominada ponto de saturação das fibras (PSF). O teor de umidade no PSF é de 28%, na média, para todas as madeiras. Por outro lado, quando a madeira, previamente seca a 0% de umidade, é exposta ao meio ambiente, ela adsorve a água que está dispersa no ar em forma de vapor. A água assim absorvida corresponde à água higroscópica ou de adesão e o teor final de umidade alcançado pela madeira é denominado umidade de equilíbrio com o ambiente (UE), o qual é função da temperatura e da umidade relativa do ar. A madeira poderá ainda apresentar, nos seus capilares, água em forma de vapor, a qual pode ser quantitativamente desprezada, devido à baixa densidade do vapor de água em relação à água lugroscópica e capilar. O teor de água da madeira influi, acentuadamente, nas suas propriedades físico-mecânicas. A resistência da madeira, de uma maneira geral, decresce com o aumento de sua umidade. É o que ocorre, por exemplo, com a resistência à compressão da madeira de peroba (Aspidosperma peroba), que a 0% de umidade é equivalente a 1.250 kgf/cm 2, decrescendo para cerca de 620 kgf/cm 2 a 30% de umidade. A resistência elétrica da madeira é também inversamente proporcional ao seu teor, sendo que, de 30% até 0% de umidade, a resistência aumenta cerca de l milhão de vezes. A variação do teor de umidade ocasiona alterações nas dimensões da madeira. Esse fenômeno é denominado de retração e incitamento higroscópico, porque as alterações volumétricas ocorrem como conseqüência de variações no teor de água higroscópica. A umidade da madeira influi ainda no seu tratamento com fluidos, curvamento, resistência ao ataque de fungos xilófagos, colagem, fabricação de compensados, aglomerados e processamento mecânico. De lima forma geral, os produtos industrializados da madeira devem ser condicionados a umidades próximas àquelas que deverão alcançar quando em uso.