O presente estudo teve como objetivo verificar o potencial de regeneração natural da vegetação nativa no sub-bosque de talhões de Eucalyptus saligna Smith. O estudo foi realizado no Parque das Neblinas, município de Bertioga, SP, em um antigo talhão comercial de Eucaliptus saligna com 45 ha, em terceira rotação, abandonado há 15 anos. O estudo foi feito em 24 parcelas de 20 x 40 m, em área amostral total de 19.200 m², onde foi feito um inventário 100% das árvores de eucalipto, e onde foram levantados os indivíduos lenhosos do estrato de regeneração natural com altura ≥1,30 m e DAP (diâmetro na altura de 1,30 m do solo) < 5,0 cm e os indivíduos adultos com DAP ≥ 5,0 cm. Na área amostrada foram mensurados 1.417 indivíduos de Eucalyptus saligna, com densidade média de 738,02 ind./ha e área basal média de 22,68 m²/ha. No conjunto de 2.763 indivíduos amostrados na vegetação nativa, foram identificadas 111 espécies, pertencentes a 66 gêneros e a 34 famílias. As espécies representam 43,7% da riqueza total de espécies arbóreas encontradas nos fragmentos vizinhos de vegetação nativa. A densidade total estimada foi de 1.052,6 ind/ha e a área basal de 6,4 m²/ha, para a classe de indivíduos autóctones com DAP ≥ 5 cm (Classe 1) e 3.864,58 ind/ha e área basal de 2,76 m²/ ha, para regeneração natural com DAP < 5 cm e altura ≥ 1,30m (Classe 2). A diversidade de Shannon (H’) foi de 2,83 e 3,68, respectivamente para as classes 1 e 2, e a riqueza corrigida para uma amostra de 1000 indivíduos (R1000) foi respectivamente de 75,66 e 87,29 para as mesmas classes (através do índice α de Fisher). A maioria das espécies levantadas (37,84%) é típica do sub-bosque da floresta ombrófila densa, e apresenta síndrome de dispersão zoocórica (67,57%). Os resultados indicaram que, nas condições do trabalho, a floresta de eucalipto apresenta boas condições para a regeneração natural da vegetação nativa, podendo representar um habitat-poço para as populações locais.
This study aimed at characterizing the potential for natural regeneration of native vegetation in the understory of an earlier Eucalyptus saligna Smith production stand. The study was carried out at the Parque das Neblinas, Bertioga municipality, SP, in a 45 ha third rotation stand; which had been abandoned 15 years ago for natural regeneration to occur. The sampling was done in 24 plots of 20 x 40 m. The sampled area was of 19,200 m², with inventory made of 100% of the eucalyptus trees. All regeneration trees with a height ≥ 1.30 m and DBH ≥ 5.0 cm were measured, as well as adult individuals with DBH ≥ 5.0 cm; surveyed in two size classes. 1,417 individuals of E. saligna were measured, with a density of 738,02 individuals/ha and a basal area of 22.69 m²/ha. Among 2,763 natural regeneration individuals, 111 species belonged to 66 genera and 34 botanical families. The species represented 43.7% of the tree richness of neighboring native forest fragments. The total estimated density and the basal area were respectively 1,052.6 individuals/ha and 6.4 m²/ha of autochthonous trees with DBH ≥ 5.0 cm (Class 1); while for regeneration there were 3,864.58 individuals/ha, and 2.76 m²/ha of individuals with a height ≥ 1.30 m and DBH < 5.0 cm (Class 2). Shannon diversity (H’) was 2.83 and 3.68, respectively, for Classes 1 and 2, and the corrected species richness for a 1000-individual sample (R1000) were 75.6 and 87.29 (Fisher’s α index) for the same classes. The majority of the species (34.84%) was typical from the understory of wet tropical forest and had zoochoric fruit dispersal (67.57%). The results indicate that, under these conditions, a eucalyptus forest is able to provide adequate regeneration niches for native vegetation, and may represent a sink habitat for local populations.