O presente trabalho, a partir de uma perspectiva que compreende uma diversidade de saberes, vê emergir a Associação dos Agricultores Agroflorestais de Barra do Turvo/SP e Adrianópolis PR/ e o seu modelo agroflorestal como alternativa ao modelo do agronegócio, mas também enquanto racionalidade capaz de encetar outras abordagens ao conhecimento da natureza e do próprio homem. Com a ajuda das ciências humanas buscamos, através do diálogo, compreender as transformações vividas pelos agricultores a partir do contato com o saber agroflorestal, bem como suas novas estratégias de conhecimento baseadas em uma “nova” visão de mundo. Nossas concepções metodológicas revitalizadas pela pesquisa de campo, que se efetivou enquanto observação participante e entrevistas semi-estruturadas, pretenderam, do conflito com o redutivismo matemático típico do cânone científico moderno, nos lançar em busca de aberturas possíveis para a compreensão de uma outra relação homem- natureza que não a calcada no modelo hegemônico capitalista. Como resultados da pesquisa encontramos as bases para uma nova forma de habitar na e com a Terra, baseada numa percepção acurada relacionada a princípios como: respeito pela Natureza, reciprocidade, a inserção do humano no ecossistema, a cooperação de todas as formas de vida e o constante aprimoramento operado pelo “trabalho da Natureza”, ambos os pólos mediados por uma relação de “amor e carinho” que vem permitindo a construção de um caminho de descoberta e aprimoramento. A este modo de pensar, ver e fazer chamamos de “ética do Habitar”.
The present work, from a perspective that encompasses a diversity of knowledges, sees the emergence of the Association of Agroforestry Farmers of Barra do Turvo/SP and Adrianópolis PR/ and its agroforestry model as an alternative to the model of agribusiness, but also as a rationality able to engage other approaches to knowledge of nature and of man himself. With the help of the human sciences we seek, through the dialog, to the understanding of the transformations experienced by farmers from their contact with agroforestry knowledge, as well about their new strategies based on a "new" world vision. Our methodological conceptions revitalized by field research, that arose while participant observation and semi- structured interviews, wanted to, from the conflict with the mathematical reductionism typical to the canon of modern science, launch us in the search of possible openings for the understanding of another man- nature relationship that not the sidewalked in hegemonic capitalism. As the search results we find the foundations for a new way of living in and with the land, based on an accurate perception related to principles such as: respect for nature, the cooperation of all forms of life, reciprocity, the constant improvements operated by the "work of Nature" and the insertion of the human in the ecosystem, both poles mediated by a relation of "love and affection" that allows the construction of a path of discovery and elaboration. This way of thinking, seeing and living we called the inhabiting ethics.