Plantios comerciais com espécies florestais não nativas representam 7% da cobertura florestal do planeta, apresentando um crescimento rápido e constante, principalmente em países megadiversos, como o Brasil. Esse crescimento acelerado e suas implicações na conservação/manutenção da biodiversidade, além dos serviços ecossistêmicos, tornam o tema constante em todo o planeta. Nesse contexto, o presente estudo foi organizado em dois capítulos. O primeiro capítulo avaliou através de uma revisão sistematizada o conhecimento existente em estudos com a biota nativa conduzidos em áreas com plantios comerciais de Pinus spp. e Eucalyptus spp. no Brasil. A revisão foi realizada através da base de dados ISI - Web of Science, considerando-se o período entre 1960 e 2012. Os resultados revelaram um crescente interesse na produção de estudos envolvendo a biota nativa e estes plantios, especialmente para o ecossistema terrestre, o bioma Mata Atlântica e o reino Animalia. Há um predomínio de relatos de impactos negativos (e.g. redução da diversidade), com exceção ao reino Plantae que é beneficiado (e.g. aumento na diversidade) quando os plantios são realizados em áreas degradadas. O manejo florestal é apontado como a principal fonte geradora dos impactos encontrados, principalmente por sua influência na heterogeneidade ambiental no interior/exterior dos plantios. No segundo capítulo, foi avaliada a influência do manejo florestal de plantios comerciais de Pinus spp. e Eucalyptus spp. sobre a dieta de Trichomycterus davisi. As coletas de dados foram realizadas em riachos de microbacias hidrográficas inseridas em áreas com plantios comerciais de Pinus spp. e Eucalyptus spp., localizados na ecoregião aquática Alto rio Paraná, antes (2011) e depois (2012) do manejo florestal. A dieta demonstrou um predomínio de invertebrados bentônicos, com variações na contribuição dos itens alimentares após o manejo florestal. Estas variações, juntamente com o conjunto de variáveis ambientais que a influenciaram, indicam que o manejo florestal afetou as ligações entre os ecossistemas terrestre e aquático e a produtividade primária e secundária. Apesar das metodologias diferenciadas nos dois capítulos, os resultados evidenciam a importância da realização de estudos e/ou monitoramentos da biodiversidade nativa como subsidio para a elaboração de planos de manejo florestal mais sustentáveis. Junto a isso, os resultados sugerem que planos de manejo florestal podem ajudar a manter a biodiversidade, se levarem em conta a condição ambiental prévia do local e integrarem as plantações com os habitats circundantes. Neste sentido, é primordial que esses planos promovam a manutenção e o desenvolvimento do sub-bosque no interior dos plantios e a melhoria da vegetação nativa, principalmente nas áreas ripárias.
Commercial plantations of non-native tree species represent 7% of the planet’s forest cover, displaying a fast and constant growth, especially in megadiverse countries like Brazil. This accelerated growth and its implications to the biodiversity conservation/maintenance, as well as ecosystem services, make the theme a constant one in the whole planet. In this context, the present study was organized in two chapters. The first chapter evaluated, through a systematic review, the existing knowledge of the native biota studies conducted in areas with commercial plantations of Pinus spp. and Eucalyptus spp. in Brazil. The review was carried out using the ISI - Web of Science database, considering the period between 1960 and 2012. The results reveal an increasing interest in studies involving native biota and these plantations, especially in terrestrial ecosystems, the Atlantic Rain Forest biome and the Animalia kingdom. Reports indicating negative impacts (e.g. diversity reduction) are predominant, with the exception of the Plantae kingdom, which is benefitted (e.g. increase in diversity) when plantations are in degraded areas. Forest management is pointed as the principal generating source of the impacts found, especially for its influence in environmental heterogeneity inside and around plantations. In the second chapter, the influence of forest management of commercial plantations of Pinus spp. and Eucalyptus spp. on Trichomycterus davisi diet was evaluated. The data collection was conducted in streams of micro watersheds embedded in areas with commercial plantations of Pinus spp. and Eucalyptus spp., located in the aquatic ecoregion of Upper Paraná river, before (2011) and after (2012) forest management. The diet demonstrated a predominance of benthic invertebrates, with variations in the contribution of the food items after forest management. These variations, along with the set of environmental variables that have influenced, show that forest management affect the links between terrestrial and aquatic ecosystems and the primary and secondary productivity. Despite the different methodologies in both chapters, the results show the importance of studies to elaboration of plans for a more sustainable forest management. Along with this, our results suggest forest management plans can help maintain biodiversity if they take into account the previous environmental condition of the site and integrate the plantations with their surrounding habitats. This way, these plans should promote maintenance and development of the sub-wood in the interior of plantations and improvement of native vegetation, especially in riparian areas.