Os manguezais são ecossistemas costeiros de transição entre ambientes marinhos e terrestres. Sua vegetação apresenta adaptações específicas às quais permitem o desenvolvimento em um ambiente com alta salinidade, periodicamente inundado pela maré, baixa oxigenação e solo lodoso. Comparados a ambientes terrestres são simples em sua arquitetura arbórea. No entanto, apresentam alta complexidade em função da interação com vários fatores abióticos (edáficos como anoxia e salinidade variável), bióticos (organismos) e antrópicos (poluição e exploração) que atuam em diferentes escalas espaciais e temporais. Nesse contexto, pode-se esperar que a estrutura e desenvolvimento dos manguezais do Estado do Paraná apresentem parâmetros fitossociológicos e químicos distintos em função das condições edáficas. O objetivo geral do estudo foi avaliar comparativamente dois manguezais do litoral do Paraná, nos municípios de Antonina e Guaratuba. Fez parte dessa avaliação, o levantamento fitossociológico, a análise físico-química do solo e das plantas dos manguezais estudados. Tanto para o componente arbóreo como para a regeneração natural foram identificadas as seguintes espécies: Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke, Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. e Rhizophora mangle L. As análises do solo mostraram que o teor de carbono é o atributo principal que diferencia os manguezais. As três espécies apresentaram concentrações foliares de macronutrientes e sódio distintas, mostrando, dessa forma, a absorção seletiva, ainda que compartilhando o mesmo solo. A eficiência do uso de nutrientes também diferiu, sugerindo que as espécies estudadas apresentam estratégias diferenciadas quanto ao acúmulo e utilização dos nutrientes. De forma geral, em ordem crescente de eficiência de uso dos nutrientes, tem-se L. racemosa > R. mangle > A. shaueriana. Considerando o grande número de variáveis investigadas foram observados um número baixo de correlação significativas. Apenas quatro correlações foram observadas para Mn, Zn e Cu em ambos os compartimentos, solo e planta. Estes resultados sugerem que o número baixo de correlações significativas encontradas deve-se a fatores abióticos, mecanismos de inibição aos elementos que ocorrem nas plantas e a imobilização e/ ou adsorção desses metais pelo solo. Dessa forma, esse estudo demonstrou que na análise fitossociológica das áreas, os fatores locais, mais especificamente o tipo de solo e salinidade intersticial da água, foram determinantes na distinção das áreas estudadas. Em relação à composição química das espécies vegetais, no entanto, as diferenças das características no solo não foram suficientes para alterar o perfil nutricional das espécies, sugerindo absorção seletiva dos nutrientes pelos indivíduos das espécies de mangue.
Mangroves are transitional coastal ecosystems between marine and terrestrial environments. Its vegetation owns specific adaptations that allow their development in an environment with high salinity, periodically waterlogged by tidal, low oxygenation and muddy soil. Compared to terrestrial environments mangroves are simple in their arboreous architecture. However show high complexity as a result of the interaction among the various biotic and abiotic factors (edaphic as gradients in anoxia and salinity), biotic (organisms) and anthropogenic (pollution and exploitation), acting in different spacial and temporal scales. In this sense it is expected that the structure and development of the mangroves of Paraná State present distinct phytossociological and chemical parameters according to edaphic conditions. The general purpose of the study was to evaluate comparativelly two mangroves of the litoral of Paraná, in the municipalities of Antonina and Guaratuba. The evaluation included the phytosociological survey, the physical-chemical analysis of the soil and chemical analysis of the plant leaves. So much for the tree component as the natural regeneration were identified the following species: Avicennia schaueriana Stapf & Leechm. ex Moldenke, Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. e Rhizophora mangle L. Soil data showed that the organic carbon of the substrate represents a strong discriminator between the two mangroves. The three species presented distinct leaf concentrations, showing quantitative discrimination and selective absorption, even by sharing the same substrate. Also different nutrient use efficiency could be observed, denoting different strategies in nutrient accumulation and utilization. In a general Manner, and in a crescent order the nutrient use efficiency obeyed the following: L. racemosa > R. mangle > A. shaueriana.Considering the great number of variables investigated a low number of significant correlation were observed. Only four significant correlations were observed for Mn, Zn and Cu in both compartments, soil and plant. This results suggests that the few significant correlations may be a result of the abiotic factors, elemental inhibition mechanisms and immobilizations and/or adsorption of the elements by the soil.There are clear evidences that phytosociological aspects, local factors, more specifically the type of the soil and intersticial water salinity were determinant area distinguishers. In relation to chemical composition of the mangrove plants, however, the differences in soil characteristics were not sufficient to alter the nutritional profile of the species, suggesting a selective pattern of nutrient absorption.