Trepadeiras heliófitas superabundantes podem restringir o avanço da sucessão ecológica em fragmentos florestais degradados pelo fogo e, consequentemente, manter a floresta em condições de reduzida sustentação de biodiversidade e provimento de serviços ambientais. Assim, este trabalho tem como objetivo verificar se o manejo de trepadeiras heliófitas superabundantes possibilitaria favorecer o incremento e crescimento da regeneração natural de arbóreas e arbustivas no fragmento florestal degradado, justificando a ação de manejo como estratégia de restauração. A pesquisa foi realizada em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual de 14 ha, em Piracicaba-SP. Alocamos nesse fragmento 25 parcelas permanentes e, em parte dessas parcelas, manejamos as trepadeiras superabundantes no dossel e, em menor proporção, as trepadeiras na regeneração. Destas parcelas, além da coleta de dados buscamos entender o efeito do manejo nas diferentes etapas da regeneração: banco de sementes, estabelecimento de plântulas, crescimento e sobrevivência dos regenerantes. Para análise, em cada parcela avaliamos inicialmente e,1 ano após as intervenções de manejo, a composição, densidade e comprimento de espécies arbustivas e arbóreas em duas classes de tamanho (DAP > 1,58 cm; comprimento ≥ 10 cm e DAP ≤ 1,58 cm), e densidade, comprimento e área basal para as trepadeiras regenerantes. Avaliamos então a distribuição da densidade de trepadeiras, arbustos e árvores no banco de sementes, plântulas estabelecidas e comunidade regenerante e por fim, o efeito do manejo (do dossel e da regeneração) nas etapas da regeneração quanto à composição, densidade, comprimento e área basal. Como resultados, houve predominância das espécies arbóreas e arbustivas apenas no banco de sementes, ao passo que as trepadeiras foram mais abundantes nas etapas seguintes de regeneração. O manejo de trepadeiras do dossel aumentou o crescimento dos regenerantes de arbóreas e arbustivas; trouxe maior mortalidade de trepadeiras e ao mesmo tempo, maior recrutamento de novos indivíduos de mesma forma de vida. Assim, a interferência do manejo ocasionando alta mortalidade de trepadeiras e aumento no crescimento dos regenerantes arbóreos e arbustivos nos traz indicativos da importância de se manejar um fragmento degradado. Ao mesmo tempo, a elevada capacidade da trepadeira em se restabelecer após o manejo evidencia a necessidade de manutenção deste manejo. Ou seja, nossos resultados indicam positivamente o uso do manejo de trepadeiras, desde que haja manutenção até que o dossel possa ser fechado pelas árvores, minimizando a recolonização das trepadeiras.
Superabundant heliophytic climbers can hamper the advance of ecological succession in forest fragments degraded by fire and, consequently, maintain the forest in sub-optimal conditions for biodiversity conservation and ecosystem services provisioning. Therefore, this work assessed if the management of superabundant heliophytic climbers could favor the growth and density of natural regeneration in degraded forest fragments, justifying climber management as strategy of ecological restoration. The research was conducted in a 14 ha Seasonal Semideciduous Forest fragment in Piracicaba-SP. We allocated in these fragment 25 permanent plots and, for part of these plots, we managed superabundant climbers at the canopy and, in a smaller proportion, in the understory. We used these plots to understand the management effects in different regeneration phases: seed bank, seedling establishment, growth and survival of saplings. For data analysis, in each plot we evaluated in the beginning of the experiment and one year after management interventions, when we evaluated the composition, density and height of shrub and tree species individuals for two size classes (dbh> 1,58 cm; height ≥ 10 cm and dbh ≤ 1,58 cm), and density, height and basal area of regenerating climbers. Then we evaluated the proportion of climbers, shrubs and trees in the seed bank, for seedlings established 1 year after management interventions and, lastly, the effect of climber management in the community composition, density, height and basal area. A higher density of tree and shrub species were only found in seed bank, while climbers were more abundant in the following regeneration stages. The management of climbers in the canopy increased the growth of tree and shrubs saplings and climber mortality, but climber recruitments increased. Overall, climber management increased climber mortality and favored tree and shrub saplings growth, highlighting the importance of managing climbers in degraded fragments. However, the high regeneration capacity of climbers after management reinforce the need of permanent management. Thus, our results support the management of climbers, which is needed until the canopy is close enough to reduce the recolonization of climbers.