Tendo como base o escasso conhecimento dos efeitos causados por eucaliptos sobre a biota aquática e o intenso plantio em áreas de entorno de inúmeros lagos no Vale do rio Doce, o presente estudo avaliou a extração, identificação e os efeitos tóxicos dos compostos naturais presentes nas folhas de Eucalyptus grandis e E. urophylla das áreas de entorno das lagoas Palmeirinha e Ferruginha, respectivamente, através de destilação por arraste a vapor de água, cromatografia gasosa de alta resolução (CGC), análise por infravermelho e testes ecotoxicológicos com as águas de decomposição das folhas (laboratório), com os óleos essenciais, extratos hidroalcólicos e aquosos das folhas da serapilheira, 30 e 60 dias após contato com as lagoas. Nos testes de toxicidade foram utilizados organismos zooplanctônicos (Daphnia similis, Daphnia laevis e Ceriodaphnia silvestrii) e bentônicos (Chironomus xanthus). As folhas de E. grandis apresentaram maior rendimento de óleo essencial que as de E. urophylla, tendo sido identificado maior número de substâncias nas folhas de E. urophylla. No caso dos extratos o E. grandis apresentou maior rendimento dos extratos hexânicos, tanto na primeira como na segunda etapa de extração enquanto o E. urophylla apresentou maior rendimento de extrato etanólico. Verificou-se como principais compostos nos extratos de E. urophylla esteróides e triterpenos. Os resultados dos testes de toxicidade aguda realizados com a água de decomposição das duas espécies de eucaliptos mostraram efeito tóxico a Daphnia similis, D. laevis e C.silvestrii e Chironomus xanthus o qual, entretanto, diminuiu com o aumento do tempo de decomposição. Os óleos essenciais apresentaram efeito tóxico em todos os testes realizados com cladóceros (folhas da serapilheira, 30 e 60 dias), assim como os extratos hidroalcoólicos (menos polares) a Chironomus xanthus e aquosos (mais polares) à D. similis e D. laevis. verificou-se, portanto, no presente estudo, que os compostos naturais presentes nas folhas de E. grandis e E. urophylla podem afetar a biota aquática, sendo importante o monitoramento de ambientes aquáticos circundados por monoculturas de Eucalyptus spp.
Based on the scarce knowledge of the effect caused by eucalyptus on aquatic biota and the intense plantation in the surroundings of innumerable lakes in the Valley of Rio Doce, the present study evaluated extraction, identification and toxic effect of natural compounds found in leaves of Eucalyptus grandis and E. urophylla nearby Palmeirinha and Ferruginha lagoons, respectively, through vapor dragging distillation, High resolution gas chromatography (HRGC), Infrared spectroscopy (IR) and ecotoxicological tests with leaves decomposition water (laboratory), essential oils, hydroalcoholic and aqueous extracts of litter leaves, and after 30 and 60 days in contact with the lagoons. For the toxicity tests, zooplanktonic (Daphnia similis, Daphnia laevis and Ceriodaphnia silvestrii) and benthic (Chironomus xanthus) organisms were used. The leaves of E. grandis showed higher outcome of essential oils compared to E. urophylla, being identified a higher number of substances in E. urophylla leaves. In the case of extracts, E. grandis showed higher outcome of hexanic extracts in the first and second steps of extractions, while E. urophylla presented higher outcome of ethanolic extracts. The main compounds found in E. urophylla extracts were steroids and triterpenes, and in E. grandis were saponins, steroids and triterpenes. The results of the acute ecotoxicological tests carried out with decomposition water of both eucalyptus species showed toxic effect to Daphnia similis, D. laevis, C. silvestrii and Chironomus xanthus, which, however, decreased with decomposition time. The essential oils, showed toxic effect in all tests performed with cladocerans (litter leaves, 30 and 60 days), as well as the hydroalcoholic extracts to Chironomus xanthus and aqueous to D. similis and D. laevis. Thus, it was verified, in the present study, that the natural compounds found in E. grandis and E urophylla leaves can affect the aquatic biota, being important the monitoring of aquatic environments surrounded by Eucalyptus monocultures.