Resumo:
Diante de campos vicejando em pleno clima úmido, dividindo espaço com a então impactante Floresta com Araucária ou se derramando pelos pampas gaúchos, os naturalistas que percorreram a região no século XIX foram tomados de espanto. Mesmo sem o auxílio da tecnologia e desconsiderando completamente os impactos da presença indígena e as repercussões ecológicas das reduções jesuíticas, foram anos da mais instigante busca científica. Na época em que se costumava chamar floresta de “mato”, vê-la “ocorrer de mistura” com os campos sem justificativa aparente era, conforme Rambo (1956), “uma dificuldade invencível”. Se não era para tanto, era, pelo menos, um problema complexo: Auguste Saint-Hilaire fez ver que, em muitos casos, é impossível explicar, a uma simples inspeção do terreno, a alternância da vegetação florestal e da campestre, na Zona dos Campos (Sampaio, 1945). A chuva que torna a paisagem anacrônica na Região Sul tem, segundo o IBGE (Nimer, 1990), a distribuição espacial mais uniforme do planeta. Mesmo com as variações de relevo, também elas não tão pronunciadas assim, não há nenhum lugar onde a chuva escasseie. A variação fica entre 1.250 e 2.000 mm anuais, em média. Com tantas fontes de umidade, as chuvas são bem distribuídas ao longo dos meses. A região tem os menores desvios anuais do Brasil. Isso não quer dizer que não ocorram situações de exceção, significa apenas que períodos de falta ou excesso são raros. E nem o frio é tão extremo, apesar de algumas espécies apresentarem uma certa fisiologia sazonal, a ponto de não permitir a existência de diversidade florestal. Que o digam as formações arbóreas sempre vizinhas.