Resumo:
No Brasil, existem várias espécies produtoras de madeiras naturalmente resistentes à biodegradação por organismos xilófagos. Todavia, a exploração desenfreada das florestas nativas praticamente esgotou a disponibilidade dessas madeiras nas regiões nordeste, Sudeste e Sul do país, e as colocou sob risco de extinção na região Centro-Oeste. Assim, a consciência conservacionista, aliada ao custo de transporte, impõe cautela na exploração das espécies alternativas da região Norte. Para suprir a demanda crescente por madeira resistente aos organismos xilófagos e diminuir a pressão sobre as florestas nativas, uma opção bastante atraente é o uso de tratamento preservativo em madeira de espécies plantadas e de crescimento rápido. O tratamento preservativo implica em aumento do custo inicial da madeira, mas que ao longo do tempo de uso é diluído a ponto de ser mais vantajoso que a madeira não tratada. O método de substituição de seiva apresenta-se como uma das melhores opções para o tratamento de mourões por processo prático, sendo indicado especialmente quando se desejam pequenas quantidades de mourões tratados e não se dispõem dos mesmos na regiãO. Este método já foi testado por diversos pesquisadores, principalmente em mourões de eucaliptos e de pinus, mas pode ser empregado com outras madeiras que tenham o alburno permeável, como a de bracatinga, e, também, com estacas de bambu. Consiste em substituir a seiva da madeira ainda verde pela solução preservativa. Desta forma, é importante que o tratamento seja realizado no máximo 24 horas após o corte da árvore. Outro fator importante, é garantir que os sais estejam totalmente solubilizados na solução preservativa e que a proporção dos ingredientes seja mantida. A mistura de sais recomendada neste trabalho, conhecida como CCB, é especialmente recomendada para este caso, em virtude da reação de fixação ser lenta, permitindo um tempo maior para o tratamento prático. A proporção dos ingredientes ativos dos sais sugerida neste trabalho é baseada na norma brasileira (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1986) para preservativos hidrossolúveis. A solução de impregnação deve ser ácida, pH baixo, para manter a mistura de sais em completa solubilidade. Somente durante a secagem lenta dos mourões, à sombra, é que a reação de fixação deverá ocorrer no interior da madeira. Durante a reação de fixação ocorre uma mudança do pH no interior da madeira e os produtos impregnados ficam insolúveis, impedindo a lixiviação do preservativo durante o uso dos mourões. O método descrito neste trabalho pressupõe que se observem todas as normas de segurança. Os produtos devem ser utilizados nas dosagens recomendadas e os mourões devem ser verdes, abatidos no máximo 24 horas antes do início do tratamento. Devem, ainda, ser roliços e do mesmo comprimento. Quando tratados corretamente, conforme as orientações aqui descritas, os mourões de eucalipto podem ter uma durabilidade de 10 a 15 anos.