Resumo:
A pimenta longa ( iper hispidinervum), um arbusto da família Piperacea, é encontrada em condições silvestres no Vale do Rio Acre. Sua importância econômica consiste na possibilidade de obter óleo essencial com rendimento médio de 3,5% e teores de safrol acima de 90%. A demanda pelo óleo essencial da pimenta longa surgiu porque o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis – Ibama –, por meio do Decreto n° 1557/91, proibiu a exploração do sassafrás (família Lauraceae), única planta fornecedora de safrol no Brasil. O safrol, um componente químico que ocorre naturalmente em algumas plantas, é empregado pela indústria química como matéria-prima na manufatura de heliotropina, um importante fixador das fragrâncias e cosméticos. O butóxido de piperonila (PBO), usado como agente sinergístico junto ao piretrium, é um importante inseticida de origem natural e biodegradável, sendo a única formulação autorizada na Europa, Japão e Estados Unidos para controle de pragas no armazenamento e na indústria de processamento de alimentos. Este componente químico possui uma demanda mundial superior a 3.500 toneladas/ano. Considerando estes aspectos, a pimenta longa vem despertando grande interesse comercial, contudo, é uma espécie praticamente desconhecida do ponto de vista científico. A Embrapa Acre desenvolve pesquisas fitotécnicas, fitográficas e agroindustriais em seus campos experimentais e junto a associações de produtores rurais, visando ao cultivo racional e à exploração do potencial produtivo de populações nativas para o beneficiamento desta piperacea em escala comercial. O objetivo deste trabalho é divulgar informações sobre a viabilidade financeira da exploração da pimenta longa para obter o safrol por meio de cultivo racional e da exploração das populações nativas submetidas ao manejo contínuo.