Resumo:
A palmeira Euterpe oleracea Mart., conhecida popu- larmente como açaizeiro, é nativa da Amazônia. No gênero Euterpe, o açaizeiro se destaca do ponto de vista econômico, pois seus frutos constituem-se ma- téria-prima para a produção de um refresco de con- sistência pastosa, bastante consumido na Amazônia Oriental Brasileira, e que, nos últimos anos, vem conquistando mercados em outras regiões do Brasil e mesmo no exterior. O palmito também é produto importante dessa palmeira e é explorado de forma sustentável, haja vista a capacidade de regenerar-se naturalmente pela emissão de perfilhos na base da planta-mãe. O açaizeiro apresenta estratégias de reprodução sexuada (sementes) e assexuada (perfilhos). No en- tanto, a produção de mudas em escala comercial é efetuada somente por sementes, utilizando-se como unidade de propagação o volumoso caroço. De uma determinada planta-mãe, pode-se obter mais de 6 mil sementes por ano. Em virtude da capacidade de perfilhamento da espé- cie, esse é o método de propagação assexuado mais promissor para o açaizeiro, haja vista as dificuldades de propagá-la in vitro por cultura de tecidos. O processo de propagação in vitro vem apresentando algum sucesso com a utilização de embriões zigóti- cos. Porém, ainda não se dispõe de protocolos que possibilitem a obtenção de plântulas por meio da cul- tura de tecidos somáticos. As mudas podem ser obtidas pela retirada de per- filhos, que são brotações que surgem de forma es- pontânea na região do coleto da planta-mãe, entre o emaranhado de raízes. Entretanto, esse método ainda não é utilizado para produção de mudas em escala comercial, em virtude da inexistência de infor- mações consistentes sobre a técnica de retirada dos perfilhos e as condições em que devem ser mantidos para que o lançamento de novas raízes e de novas folhas ocorra. Existem alguns poucos trabalhos com relato do uso dessa metodologia. Contudo, o preparo e manejo de perfilhos não são detalhados. Sabe-se, entretanto, que, desde o momento da retirada, manejo e enraiza- mento, existem fatores intrínsecos e extrínsecos que influenciam a porcentagem de enraizamento, como o genótipo, o ambiente e a idade da planta-mãe. Além disso, é preciso considerar o tipo de propágulo que deve ser usado, haja vista a inexistência de uma pa- dronização de altura e diâmetro do propágulo.