Resumo:
O estado do Pará dispõe de uma área de aproximadamente 8,0 milhões de hectares com condições edafoclimáticas favoráveis a dendeicultura. As perspectivas da dendeicultura para a Amazônia não tem sido animadoras, devido ao aparecimento, de uma anomalia conhecida pelo nome de Amarelecimento Fatal (AF) do dendezeiro, responsável pela erradicação de mais de 3.000 ha de dendezeiros. Caso não seja desenvolvido um programa intensivo de pesquisa, com o objetivo de identificar e controlar o agente causal do AF, este poderá inviabilizar toda a dendeicultura da região. Em 1995, foi realizada uma análise acurada dos dados de incidência do AF na plantação da Denpasa e chegou-se a aceitar que essa anomalia é de caráter não infeccioso. Esses resultados indicam a possibilidade de que seja devido a um desequilíbrio fisiológico provocado pela falta ou excesso de nutrientes ou da interação negativa entre os mesmos, podendo ainda ser ocasionada pela falta de oxigênio no solo. As análises de solo efetuadas na área de ocorrência mostraram a existência de um encharcamento temporário, devido a presença de uma camada compactada, que ocorre entre 20 a 50 cm, onde deve haver anoxia por períodos determinados. Essa condição provavelmente transforma o Fe por oxidação, ou o mesmo é fortemente adsorvido, tornando-se indisponível para as plantas. Na condição da variação genética pode estar a explicação do porque dos híbridos (Elaeis oledera x Elaeis guineensis) não manifestarem os sintomas do AF, aceitando-se a hipótese de que a deficiência de Fe seja responsável pelo Amarelecimento Fatal. É possível que os híbridos sejam, no caso da deficiência, mais eficientes para absorver o Fe do que o Tenera comercial. De fato, um levantamento mostrou que o híbrido (Elaeis oledera x Elaeis guineensis) apresentou teores de Fe e Cu nas folhas 1, 9 e 17 mais elevados do que o Tenera comercial. As reações de oxirredução influenciam marcantemente na disponibilidade de Fe na solução do solo, pois em solos bem arejados há predominância da forma Fe +3 bastante insolúvel, enquanto em condições de solos onde o sistema anaeróbico está presente ocorre redução do Fe +3 para Fe +2, aumentando a solubilidade desse micronutriente, proporcionada pelas bactérias anaeróbicas que, na ausência de oxigênio, utilizam o Fe como receptor de elétrons. Em solos com alto teor de Fe e de matéria orgânica, que apresentam inundação prolongada, pode ocorrer alta disponibilidade de Fe, podendo causar toxidez as plantas. Com base nessas considerações, instalou-se o presente trabalho com o objetivo de avaliar se a deficiência ou toxidez do micronutriente ferro é responsável pela ocorrência do amarelecimento fatal do dendezeiro.